A Evolução do Pensamento Contábil em Uma Página



A contabilidade tem por objeto o estudo do patrimônio das entidades. Pode ser definida segundo Tesche et al. (1991, p. 17 apud LONGARAY; BEUREN, 2010, p. 28) como “a ciência social que tem por objeto o patrimônio de quaisquer entidades, em seus aspectos qualitativos e quantitativos, bem como as suas variações”. Conforme Iudícibus e Marion (1999, apud LONGARAY; BEUREN, 2010, p. 23) “a Contabilidade surgiu para atender às necessidade de avaliar a riqueza do homem, bem como os acréscimos e decréscimos dessa riqueza em uma época em que ainda não existiam números, escrita ou moeda”. “Há cerca de 20.000 anos, o homem já registrava os fatos das riquezas em contas, de forma primitiva”(LONGARAY; BEUREN, 2010, p. 23), geralmente por meio de figuras que identificavam os objetos e por riscos que identificavam a quantidade desses objetos. O desenho de recipientes de cereais nas paredes das casas do povo egípcio era a prova de que o tributo, pelo uso da água do Nilo, para irrigação, tinha sido pago (HENDRIKSEN; BREDA, 1999).

          Leonardo Fibonacci de Pisa (1180-1250) com a publicação da obra Liber Abacci (1202), desempenhou papel importante na difusão sistema numérico arábico na Europa (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Dessa forma, técnicas matemáticas versaram sobre operações de câmbio e comércio, atendendo aos registros e pagamentos em dinheiro. Houve a expansão do comércio com as navegações e o acumulo de riqueza, a negociação individual ia sendo substituída por meio de representações e associações de comerciantes. (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Foi nesse contexto, então, que no século XV surgiu a obra de Luca Pacioli na Itália, “considerada por estudiosos, como Iudícibus e Marion (1999), o início do pensamento científico da Contabilidade” (LONGARAY; BEUREN, 2010, p. 24).

          O Tractatus de computis et  scripturis (1494), de Pacioli, era um livro de matemática que continha o Método das Partidas Dobradas, o sistema de débito e crédito, utilizado para justificar as partidas sejam reconhecidas dos dois lados de cada transação. Desta forma,  com o descobrimento do Novo Mundo e a abertura de novas rotas comercias, o Método das Partidas Dobradas se espalhou pela Europa. Porém, o período compreendido entre a obra de Pacioli, 1494, até a obra de Francesco Villa, 1840, é considerada por muitos estudiosos como período da Estagnação Contábil (SCHMIDT; SANTOS, 2006). Villa escreveu o livro La contabilità applicata alle amministrazioni private e pubbliche, dando início, assim, à Contabilidade Científica do Mundo Contemporâneo (SCHMIDT; SANTOS, 2006). Ele introduziu a ideia de a teoria contábil deveria ser uma ferramenta destinada a interpretar a dinâmica das empresas com o objetivo de controlar a gestão (SCHMIDT; SANTOS, 2006).

          Com o advento da Revolução Industrial, por volta do final do Século XVIII, elevou-se a necessidade de investimento de capital e consequentemente elevou-se o número de bancos e surgiu a Bolsa de Valores de Londres em 1773. Dessa forma, também, surgiu a necessidade de assegurar o capital investido por terceiros, nasceu, então a auditoria contábil.

          Com a industrialização, os Estados Unidos receberam um enorme fluxo de capital de investidores britânicos. Então, os primeiros escritórios de auditoria surgidos na Grã Bretanha mandaram seus auditores para à América com a finalidade de assegurar esses investimentos (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Com o aumento da demanda por este tipo de serviço, os contadores americanos formaram várias associações e criaram certificados para que a profissão assumisse a liderança na fixação de políticas de divulgação financeira e aprimorasse o reconhecimento legal de seus membros.

          Dessa forma, a profissão contábil consolidou-se e vem se adaptando à Terceira Revolução Industrial, desde a segunda metade do Século XX. Os programadores procuram refletir fielmente o método medieval das Partidas Dobradas nas telas dos modernos computadores e novas invenções prometem revolucionar a divulgação contábil da forma que hoje conhecemos (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Por isso, os contadores deverão não ser mais apenas geradores de informação, mas gestores da informação e participantes das tomadas de decisões.

Arthur Frederico Lerner

 

REFERÊNCIAS

 

BEUREN, I. M.; LONGARAY, A. A. Como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. V.; Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.

SCHMIDT, P.; SANTOS, J. L. História do Pensamento Contábil. Coleção Resumos de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2006. 

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